WUSHU FEI HOK PHAI CEARÁ

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Shuai Jiao

SHUAI JIAO






Introdução:

A luta pela sobrevivência faz parte natureza humana, e o homem como animal racional desenvolveu técnicas altamente sofisticadas de combate para compensar diferenças natas como força e tamanho. A história da arte marcial chinesa (Kung Fu) é muito antiga.

Quando as técnicas com “mãos vazias” começaram a se desenvolver, elas primeiramente enfatizaram a luta com agarramento. Shuai Jiao, o Wrestling Chinês, assim como outras lutas corpo-a-corpo, populares em outros países, desenvolveu-se a partir de táticas cruéis de luta até se transformar em uma forma muito avançada de arte marcial. Shuai-Jiao é o estilo mais antigo Wu Shu (mais conhecido no ocidente como Kung Fu), podendo-se encontrar na história escrita da China registros da prática de suas técnicas mais primitivas há quase 5.000 anos atrás (aproximadamente 2.700 a.c.), nos tempos do Imperador Amarelo, Huan Ti.O termo Shuai Jiao significa: Shuai = derrubar e Jiao = chifres, ou seja, chifres que derrubam. A palavra “chifres” remonta a forma mais antiga de Shuai Jiao registrada: o “Jiao Ti” , que se tratava de um combate sangrento, corpo-a-corpo, onde os lutadores utilizavam capacetes com chifres. Outro termo popular (na China) utilizado para se referir ao Shuai Jiao é “Kuai Jiao” que significa “derrubada rápida”.
Um velho dizer popular chinês diz: “Ataques com os punhos são superiores às técnicas de deslocamento; ataques de pés aos ataques de punhos, e técnicas de derrubar superiores aos ataques de pés”. Os combates são normalmente vencidos por quem arremessou o adversário ao solo do que por “Knock Out”.

Vários mestres são unânimes em dizer que boas técnicas de derrubar (Shuai) representam 40% de um bom lutador, completado por 30%, respectivamente, de técnicas de chutes e socos. O estudo de Shuai Jiao pode com certeza contribuir numa maior compreensão de qualquer estilo praticado, assim como também contribuir muito para os que se interessam pela pratica desportiva de Sanshou e Sanda.
Os relatos históricos nos contam que por volta do ano 2.700 a.c. duas tribos rivais se instalaram ao longo do Rio Amarelo.

Uma das tribos era liderada pelo famoso Huan Ti, e a outra por Zhi You, cujos guerreiros utilizavam um capacete com dois chifres. Estes capacetes eram utilizados nas batalhas para ferir os inimigos. Huan Ti ensinou seus guerreiros a evitarem estes ataques perigosos e a desequilibrarem seus adversários. Assim, graças a esta técnica, Huan Ti venceu Zhi You e unificou o país; nascia então a China.

Desde então, nas festas chinesas, costuma-se imitar os combates dos guerreiros. Alguns utilizam capacetes e fingem ferir seus adversários com os chifres, os outros, por sua vez, evitam os ataques tirando o equilíbrio do atacante. Esta dança tradicional era chamada Jiao Dixi. Nestas festas aconteceram as primeiras demonstrações da arte marcial “mãos vazias” na China.

Na dinastia Zhou (aprox. 1.122 a.c.), as técnicas já eram utilizadas para os exercícios militares. Na dinastia Qin (aprox. 221 a.c.), estas práticas se tornaram um espetáculo e uma forma de entretenimento muito apreciado pela aristocracia.

Desde esta dinastia, as competições se desenvolveram muito rapidamente.As regras eram muito fáceis, pois quase tudo era permitido. Embora a eficácia das técnicas com agarramento fossem claras, os lutadores não deixariam de lado a luta solta, treinando por vezes a luta com agarramento e em outras ocasiões a luta solta. Este tipo de prática é provavelmente a origem da separação em duas direções: a luta de agarramento e o pugilismo (Shuai/Chuan).

As técnicas de agarramento sempre foram consideradas importantes, e por essa razão, os mestres de estilos tradicionais de Kung Fu estudaram profundamente estes tipos de técnicas e selecionaram as mais eficazes para serem inseridas em suas rotinas, e desta forma serem perpetuadas para as gerações futuras. Na dinastia Song (960-1278), um livro entitulado “Jiaoloi Ji”, apresentava uma parte dos estudos feitos por vários mestres juntamente com a história da arte marcial chinesa.

Na dinastia Ming (1368-1644) e na dinastia Qing (1644-1911), os mestres continuaram a aperfeiçoar as técnicas. Na dinastia Qing, 300 mestres foram convidados pela corte imperial para formar uma equipe de lutadores. Este time foi chamado “Shang Pu Ying”.

Os mestres lutavam entre si e enfrentavam outras equipes, incluindo os famosos lutadores da Mongólia. Nesta época a corte Qing proibiu ataques de pés e mãos em competições de Shuai Jiao. Contudo os mestres continuaram a treinar utilizando chutes e socos.

O Shuai Jiao tornou-se um estilo muito rico, com uma estratégia muito elaborada, e os últimos estudos foram feitos após o término da dinastia Qing. Shuai Jiao é o resultado de um trabalho árduo e detalhado que se perpetuou através de vários milênios. SHUAI JIAO NA ATUALIDADESendo tão antigo, o Shuai Jiao é considerado o predecessor da maioria dos estilos de luta da atualidade.

Os monges de Shao Lin através de seu estudo de Shuai Jiao incorporaram grande parte de suas técnicas em suas formas (rotinas) e desenvolveram um sistema de 18 projeções chamado Tsan I. O Shuai Jiao foi levado a vários outros países durante a Dinastia Ming (1368 DC -1644 DC), e no Japão veio a influenciar os antigos estilos de Jiu-Jitsu dos quais evoluiu o Judo de Jigoro Kano.

Na verdade isto está registrado em documentos Japoneses: em Collection of Ancestor’s Conversations, Volume 2, Biografia de Chen, Yuan-Yun, encontramos que Chen, Yuan-Yun (1587-1671 DC, Dinastia Ming) foi a pessoa que levou as “técnicas suaves” para o Japão em 1659. Em outros registros históricos o encontramos como Cheng, Yuan Ping (O homem da montanha de Chi Pai), onde até os dias de hoje, na base da montanha no Japão existe um monumento erguido em sua memória. Contam as tradições verbais que Cheng era um perito em Shuai Jiao e em Qin Na, que devido a perseguição política teve que fugir da China.

ESTILOS DE SHUAIJIAO Existem vários estilos de Shuai Jiao, mas os mais desenvolvidos são o Mongolian, o Tientsin, o Peking e o BaoDin (Pao Ting). O estilo Tientsin usa muito o braço solto para testar o adversário e para sentir quando há uma chance de aplicar uma técnica.

Os movimentos do estilo Peking são menores, enfatizando o contato e mantendo as mãos do adversário a uma distância. O uniforme no estilo Peking é bem justo o que torna mais difícil agarrá-lo.

O estilo BaoDin é o mais famoso, e é distinguido por seus movimentos mais largos e por sua velocidade e força ao desenvolver suas técnicas. Em vez de testar o adversário no estilo BaoDin, tenta-se usar uma técnica eficaz. O estilo BaoDin é também conhecido como Kuai Chico (luta rápida) ou Shuai Kuai (derruba rápido).

O estilo ensinado na ACSCA (American Combat Shuai Jiao Association) é o estilo BaoDin, porém diferente de algumas outras organizações, a ACSCA dá uma ênfase especial na aplicação do Shuai Jiao para o combate real, por isso divulgamos nosso estilo como Combat Shuai Jiao. O Combat Shuai Jiao inclui chutes, socos, quedas e chaves.

O objetivo de cada movimento é derrubar o adversário rapidamente utilizando vários meios como: nocautes, chaves e projeções. Contudo, damos uma maior ênfase no treinamento das projeções por serem mais difíceis de aprender porém mais fáceis de usar.

domingo, 20 de setembro de 2009

Ser ou Ter


Ser ou Ter?
Nossa correria diária não nos deixa parar
para perceber se o que temos já não é
o suficiente para nossa vida.

Nos preocupamos muito em TER:
ter isso,ter aquilo, comprar isso, comprar aquilo.
Os anos vão passando, quando nos damos conta,
esquecemos do mais importante que é
VIVER e SER FELIZ!

Muitas vezes para ser Feliz não é precisoTER,
o mais importante na vida é SER.
As pessoas precisam parar de correr atrásdo TER
e começar a correr atrás do SER:
Ser Amigo, Ser Amado, Ser Gente.

Tenho certeza de que, quando SOMOS,
ficamos muito mais Felizes do que quando Temos.
O SER leva uma vida para se conseguir e
O TER muitas vezes conseguimos logo.

O SER não se acaba nem se perde como tempo,
mas O TER pode terminar logo.
O SER é eterno, O TER é passageiro.
Mesmo que dure por muito tempo,
pode não trazer a Felicidade...

E é aí que vem o vazio na vida das pessoas...
Por isso, tente sempre SER e não TER.
Assim você sentir á uma Felicidade sem preço!

" E VOCÊS DEMOSTRARAM PARA O SEUS ALUNOS E AMIGOS O VALOR REALMENTE DO SER".
Muito obrigado por tudo, Vocês Serão sempre meus amigos!

GRÃO CHIU PING LOK
MESTRE LEE WAI YIN

sábado, 5 de setembro de 2009

KWAN KUN

KWAN KUN



Praticamente em todas as religiões do mundo, certos homens e mulheres, virtuosos ou heróicos são considerados como santos ou deuses após da morte.
Uma dessas pessoas foi Kwan Kun.Kwan Kun era capaz de contar antigas histórias, de memória; exibia poder e coragem, era imbatível nas batalhas, leal, bom, generoso, e amado por seus companheiros.
Era um herói militar, que como muito outros personagens, adquiriu grandes poderes e feitos que não poderiam ser realizados em vida.
Sua história remota há época em que a China era dividido em três reinos (Sam - Có). Apesar de haver um único rei, o país era governado por generais que mantinham o controle e o poder de seus territórios.
Nessa época era governado por 3 generais, cada um responsável por uma parte da China: Liu – Pei, Chou – Chou e Sin – Kin. Sin Kin governava a menor parte em quanto Chou Chou a maior. Liu – Pei contava com a ajuda e a amizade de Kwan Kun, que era seu irmão de sangue.
Para os chineses isso vale mais do que irmão de verdade. Após a cerimônia onde o sangue é misturado, os dois se tornam irmão, o respeito e a lealdade entre eles vão até o fim de suas vidas.
Um ditado sobre isso diz: “pode não ser o mesmo dia em que se nasce, más é o mesmo dia em que morre”.
Era uma época de grandes batalhas entre generais, e Liu – Pei tinha um exército pequeno perto do de Chou – Chou. Após uma batalha Liu – Pei viu-se obrigado deixar seu território, escondendo-se nas montanhas.
Kwan Kun ficou responsável pela proteção da família de Liu – Pei, assim como a do seu exército. Cho Chou queria trazer kwan Kun para lutar ao seu lado de qualquer maneira, mandando um homem que era seu amigo para convence-lo.
Kwan Kun recusou, pois para ele a fidelidade com seu irmão era indiscutíveis, más a responsabilidade para com a família e o exército, e a falta de notícia de Liu Pei, fizeram com que Kwan Kun decidisse ganhar tempo.
Contudo Chou Chou não conseguia ganhar o respeito e a confiança de Kwan Kun. Tentou ganha-lo dando festas, mulheres, roupas e ouro.
Tudo o que ganhou deu a família de seu irmão. Um dia Chou Chou conseguiu despertar a alegria de Kwan Kun dando-lhe um garboso cavalo.
O que Kwan Kun realmente pretendia era procurar seu irmão, usando o cavalo. Isso chocou Chou Chou que percebeu que nada podia alterar o caráter de kwan Kun: após muitos acontecimentos Liu Pei conseguiu sua posição.
A histórias e os efeitos de kwan kun foram levados ao teatro, aonde o ator que representava kwan kun pintava o rosto de vermelho por causa de uma lenda. Mesmo como jovem ele estava sempre pronto a ajudar os oprimidos. Certa vez um malfeitor do filho do governador local, raptou a filha de um homem bom e honesto.
O pai acreditava que nunca mais veria sua filha. Até que kwan kun matou o rapaz e devolveu a filha a seu pai. Sabendo que o governador tentaria vingança, refugiou-se em um templo. Ao encontra-lo os homens do governador atearam fogo ao templo.
Kwan kun esperou pacificamente enquanto o fogo consumia tudo, então subitamente ele passou pelas chamas e atacou os soldados que dispersaram rapidamente, indo do riacho para descasar, percebeu no reflexo da água que seu rosto havia ficado vermelho e brilhante por causa do fogo. Outra história conta que vários exércitos amistosos combinaram forças contra um general rebelde.
Percebendo a inutilidade de um combate direto, escolheu seu melhor lutador e desafiou os comandantes para um duelo homem a homem até a morte. Nenhum deles aceitou o desafio devido a reputação do guerreiro rebelde. Contudo um comandante foi até kwan kun e ofereceu uma taça de vinho morno, um convite para que representasse o exército.
Kwan kun levantou-se da mesa, lutou contra o rebelde e voltou antes que o vinho esfriasse. Uma vez foi alvejado no braço por uma flecha envenenada, e durante a cirurgia começou a jogar xadrez. Concentrava-se no jogo enquanto o médico cortava sua carne e sugava o seu veneno, e assim que terminou, venceu o jogo e foi embora.
Sobre a sua morte existem duas hipóteses mais aceitas. A primeira diz que morreu um combate por uma flecha envenenada. A outra diz que durante um combate, kwan kun foi capturado. Sabendo de suas proezas, os inimigos tentaram convence-lo a mudar de lado, mas ele permaneceu fiel a Liu Pei, preferindo a morte e à traição.
A respeito da arma de kwan kun, diz a lenda que chegando em uma cidade, kwan kun estranhou que a tarde todos escondiam em suas casas.
Foi informado que o céu havia mandado uma enorme serpente, tão grande quanto um dragão verde, que matava adultos e crianças. Ele esperou por sete dias e encontrou a serpente, após uma luta feroz, saiu vencedor e jogou a serpente no rio.
Pouco tempo depois, no lugar onde a serpente foi jogada, apareceu uma lâmina com um dragão gravado, que deu a origem ao Kwan Tou. Dessa história, o que vale ressaltar é a grande honestidade e o caráter incorruptível desse valoroso guerreiro.
Kwan kun era um símbolo do que o povo chinês considerava um certo e bom nas artes marciais. Ele era caprichoso em corpo e mente corajoso em combate, generoso, leal e honesto. Atualmente a figura de kwan kun é colocada nas delegacias chinesas, para que os policiais não se esqueçam que a honestidade deve vir em primeiro lugar.
Ele nos deixou mais do que uma espada bem manejada, dele podemos aproveitar seu exemplo como discípulo e como alguém cuja capacidade marcial só foi menor que sua lealdade.

Dança do Leão

Dança do Leão

Mo-Shi



A origem da Dança do Leão

As artes de combate foram sempre inspiradas nos animais, de seus gestos e atitudes. Essa particularidade é mais nítida no Kung-Fu onde os estilos, posturas e técnicas possuem nomes de animais.
A Dança do Leão faz parte do patrimônio cultural e guerreiro do Kung-Fu chinês, ainda que o Leão nunca tenha sido catalogado na fauna chinesa, esse animal representa para os chineses prosperidade. Ele simboliza o elemento yang, a força e a bondade.

Ele é uma figura alegórica do ano novo chinês que acontece geralmente no mês de fevereiro. Muito popular tanto no sul como no norte do país, a Dança do Leão varia de forma nos lugares onde é executada. Na China do norte, esforça-se para tornar os leões realistas ao nível de sua aparência e de seus movimentos. Trata-se então de um simples divertimento. Enquanto que na China do sul, a Dança do Leão é executada por escolas de Artes Marciais.

Nas barbas dos Manchous

De acordo com certas teorias, essa tradição remontaria a Dinastia dos Ching, esse seria, segundo essas teorias, o meio que os habitantes da época utilizavam para praticar o Kung-Fu, então proibido, na barba dos Manchous e sem serem descobertos.

Características de cada Leão

Tradicionalmente os leões do sul da China são feitos de três tipos diferentes, essa trilogia faz alusão aos personagens heróicos do tempo dos três reinados (San Kuo - 220-280 A.C.), o Leão de figura branca e colorido representa Liu Bei, que era o mais velho dos três, reputado por sua inteligência e possuidor de um caráter muito doce.

O Leão de figura vermelha é Kuang Yu, conhecido por seu extraordinário domínio da técnica marcial assim como pela devoção a amizade. Finalmente o Leão de figura preta representa Zhang Fei, muito forte na prática do Kung-Fu, igualmente corajoso, mas dotado de um espírito simples e rude.


A introdução da Dança do Leão no Brasil

FOTO: Grão Mestre Chiu Ping Lok

A Dança do Leão foi introduzida no Brasil em 1961 pelo Grão-Mestre Chiu Ping Lok (Lope Chiu). Inicialmente era ensinada para a colônia chinesa no bairro da Liberdade em São Paulo, posteriormente alguns brasileiros também passaram a aprender a arte da dança. Foram os primeiros alunos do Mestre Lope que além de praticar o Kung-Fu e T'ai-Chi-Chuan, treinavam a Dança do Leão. Podemos afirmar com certeza que a escola Fei-Hók-Phai foi a pioneira a ensinar, não só o lado marcial mas também todos os aspectos inerentes a cultura, tais como pensar, lutar, dançar, falar chinês, pintar, etc.

Superstições

Os chineses são alucinados sobre o tema. Existem muitas coisas sobre o Leão que você absolutamente não pode fazer.

Por exemplo:
- Quando um Leão entra em um novo restaurante, ele vai até a cozinha e curva-se em saudação, para trazer boa sorte.

- Quando o Leão sai, ele deve sempre fazê-lo de costas. A pessoa que faz o rabo sempre sai primeiro. Alguns grupos não sabem disso e fazem com que a cabeça do Leão saia primeiro, o proprietário vê isto como má sorte.

- Outro grupo se aproxima de um tacho cheio de água onde tem um peixe vivo, o Leão deve pegar o peixe e devolvê-lo ao proprietário do restaurante, isto traz boa sorte.

- Faz parte da tradição chinesa dar coisas para o Leão, tais como alface ou até pedaços de cana no formato do personagem designado à um ano específico. O Leão deve recolher as oferendas na ordem reversa daquelas que foram colocadas.

- É de costume pendurar coisas na porta de entrada para atrair os Leões, de modo que eles tragam boa sorte para o ano novo, pode-se pendurar dinheiro em barbante ou colocá-lo em um envelope.

Uma proteção especial

Atrás desse costume lúdico, esconde-se um significado mais profundo, o comerciante ou o proprietário do restaurante que suspende legumes verdes ou envelopes vermelhos solicita, de certo modo, a proteção do Leão.

Se o último aceita desprender e pegar o objeto, ele compromete-se, em recompensa, a defender seu doador, falando de outra forma, se alguém o ataca ou a seu estabelecimento, a escola de Kung-Fu que executou a dança virá protege-lo.

Em toda a China, ou em outras cidades do mundo, onde uma colônia chinesa instalou-se, a Dança do Leão tem seu lugar. Folclore muito colorido e dinâmico, ele encarna o passado de uma civilização onde as artes marciais sempre tiveram um lugar predominante, cada ano para o ano novo chinês, o Leão dança e trás com ele as lembranças de centenas de gerações.

O Leão é animado por dois personagens, aquele que toma sua cabeça e portanto a direção das operações é geralmente o melhor combatente da escola. Uma pequena orquestra é composta por um tambor, congo e pratos que acompanham cada Leão no curso de seu desfile dançante.
Aquele que bate o tambor é freqüentemente o primeiro assistente do mestre da escola. No caso de confronto físico com uma escola rival, uma derrota equivale então a uma terrível desonra pública para o mestre, mas raramente os Leões são belicosos.

Um sinal de desafio

Por ocasião de diversas cerimônias, quando os Leões de duas escolas diferentes deparam-se na rua, é costume que eles abaixem a cabeça e que o ritmo dos tambores que os acompanham diminua, em sinal de saudação amigável. Assim as duas escolas, simbolizadas aqui por seus respectivos Leões, se cruzam em paz.
Se num momento qualquer acontece que a cabeça de um dos Leões fique levantada e que o ritmo do tambor se acelere, é um sinal de desafio que pode ser seguido por afrontas violentas.

Na dança, o mais comum é o vermelho, existe também o preto combinando com nariz azul, orelhas pretas e barba curta. Estes Leões quando encontram-se entram em luta.
Só os coloridos são mais pacíficos e por isso são chamados de Leões auspiciosos.
Formação do grupo

Um tocador de tambor, um a três tocadores de pratos, um tocador de congo, uma pessoa para a cabeça do Leão, uma pessoa para o rabo do Leão, uma pessoa que representa o monge Tan-Tau-Fuat.

O Tan-Tau-Fuat (monge da cabeça grande),

é um personagem que, segundo a tradição, simboliza simplicidade e nobreza de sentimentos para com a natureza e os animais. Durante a dança o Tan-Tau-Fuat tem papel importante, pois ele além de brincar com o Leão, de certa forma o conduz mostrando o caminho por onde ele deve passar.
Atribuições de cada componente

O tocador de tambor é o dirigente da dança, os tocadores de pratos atuam com diferentes tamanhos de pratos, o tocador de congo atua em combinação com os tocadores de pratos, a cabeça de Leão que caracteriza os gestos, o rabo atua em combinação com a cabeça do Leão, sendo parte de sustentação e equilíbrio pois representa a parte traseira do animal. A pessoa que faz o rabo deve seguir o que faz a cabeça, o tocador de tambor segue os passos onde anda o Leão e dentro da cabeça existem cordões que movimentam os olhos e as orelhas.

O batismo do Leão

Antes da primeira dança, o Leão recebe um batismo formal. Pinga-se sangue de galo nos olhos do Leão e amarra-se uma faixa vermelha no chifre, começa então a dança.
A dança não é apenas uma representação folclórica, trata-se também de um excelente exercício para a saúde. Uma dança demora de 20 à 30 minutos.


Wushu Moderno

WUSHU MODERNO











Este artigo foi originalmente publicado no Jornal de Artes Marciais Chinesas e o disponibilizamos com a sua permissão. Para informações de como assinar o Jornal de Artes Marciais Chinesas contate-os na 1370 Main Street, Dunedin, FL 34698 ou e-mail kungfu@usa.com.
Liu Yu, nascida na China, foi membro da equipe profissional Jiangsu Wushu. Ela se graduou na Universidade de Educação Física de Beijing e tem bacharelado em artes marciais chinesas.

Hoje é árbitro qualificada internacionalmente, certificada pela Federação Internacional de Wushu (IWuF na sigla em inglês) e sétimo Dan de Wushu, certificada pela CWF. Ela foi treinadora da equipe americana de Wushu de 1997 a 1999 e arbitrou no Campeonado Mundial de Wushu em 1995.

Atualmente Liu Yu é a Presidente do Wushu Taichi Center em San Lius Obispo, California.

Muitas pessoas, inclusive que praticam artes marciais chinesas, ainda se perguntam o que é Wushu. Wushu é a palavra mandarim para artes marciais, e é a expressão usada na China. Os ocidentais estão mais familiarizados com o termo Kungfu que na verdade se traduz literal e simplificadamente como “habilidade”.

Wushu é um esporte tradicional chinês que se atenta tanto para exercícios externos como internos, com movimentos de luta e seus principais conteúdos. O Wushu inclui o Taolu (rotinas de exercícios) e Sanshou (luta).

O Wushu Moderno, ou o que as pessoas chamam de Wushu Contemporâneo, é baseado nas artes marciais chinesas tradicionais. Entretanto o Wushu Moderno só foi criado nos anos 1950. O Presidente Mao determinou que o velho deveria servir ao novo e instruiu os mestres tradicionais de Wushu a criar um esporte novo para a sociedade socialista moderna.

A FORMAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DO WUSHU

Para entender como o Wushu Moderno se desenvolveu precisamos examinar como a sociedade influenciou a prática das artes marciais. Wushu, um esporte há muito respeitado na China, remonta aos tempos dos clãs nas sociedades primitivas.

Nas Dinastias Shang e Zhou o Wushu serviu como treinamento para os soldados e também se tornou parte da educação física na formação dos estudantes nas escolas.

Na Primavera, Outono e Períodos dos Estados Combatentes as aplicações de técnicas de luta nas batalhas foram muito enfatizadas. Para escolher soldados o Jiao – exame de luta – acontecia todos os anos na primavera e outono e a atividade de luta com espada ficou muito popular.

Nas Dinastias Qin e Han esportes “dançantes” similares a rotinas de exercícios (como de espada facão, espada reta, “punhal-machado” dagger-axe, “alabarda dupla” double-halberd) apareceram sucessivamente.

Durante as Dinastias Tang e Sung muitas organizações civis surgiram, e foram introduzidos os árbitros. Regras simples para as competições já estavam em vigor e os vencedores eram agraciados com prêmios generosos.

As Dinastias Ming e Qing foram uma era de florescimento para o Wushu, com várias escolas e diferentes estilos.

Em 1928 o Instituto Central de Wushu foi criado em Nanjing pelo governo. Como conseqüência institutos locais de Wushu foram criados em províncias, cidades e condados.

Dois encontros de Wushu foram promovidos pelo Instituto Central de Wushu em 1928 e 1932 em Nanjing.

Em 1936 a Delegação Chinesa de Wushu foi organizada para visitar o sudeste da Ásia. No mesmo ano nove membros da equipe chinesa de Wushu deram uma demonstração em Berlim nos XI Jogos Olímpicos.

Desde 1936 muitos dos nove membros infelizmente faleceram, mas alguns ainda estão vivos e desejando que o Wushu se torne parte dos futuros Jogos Olímpicos.

O ATUAL DESENVOLVIMENTO DO WUSHU MODERNO

Desde a fundação da República Popular da China o Wushu se tornou um componente da cultura socialista e do desenvolvimento físico e esportivo das pessoas, tendo se desenvolvido espetacularmente. No começo dos anos 1950 muitos notáveis experts em artes marciais tradicionais como Zhang Wen-Guang, Wang Zi-Ping, Sha Guo-Zeng e Chai Long-Yun revisaram as artes marciais tradicionais chinesas para desenvolver o Wushu Contemporâneo.

As bases do Wushu Contemporâneo foram os estilos do Shaolin do Norte, Cha Quan, Hua Quan, Hong Quan e muitos outros. Sob a direção do Presidente Mao o novo esporte não enfatizou o combate, mas a saúde, o exercício e o desenvolvimento atlético. Entretanto era importante ser capaz de demonstrar intenção e espírito de luta.

Em 1953 uma Demonstração e Competição Nacional de Esportes Tradicionais aconteceu em Tianjin, na qual o Wushu foi predominante.

O Wushu entrou como curso formal nos institutos locais de esporte e departamentos de educação física. Em 1956 a Associação Chinesa de Wushu foi criada em Beijing e assim o Wushu se tornou um evento oficial de competições.

O primeiro rascunho das regras de competição para o Wushu foram compiladas pela Comissão de Cultura Física e Esportes do Estado em 1958. Rotinas de exercícios como os simplificados Taijiquan, Changquan, espada facão, espada reta, lança, e bastão avançados, intermediários e para iniciantes foram publicados sucessivamente, o que ajudou muito a popularidade e promoção do Wushu. Políticas genéricas e específicas para o desenvolvimento do Wushu nesse novo período histórico foram definidas na Primeira Conferência Nacional de Wushu que aconteceu em 1982 e levou o desenvolvimento do Wushu a um novo clímax.

Sob a orientação da Comissão de Cultura Física e Esportes do Estado e a Associação Chinesa de Wushu associações, escolas, sociedades, sociedades de pesquisa, equipes de escolas amadoras de esportes e centros de treinamento de Wushu se estabeleceram em muitos condados e todas as províncias, cidades e regiões autônomas formando uma vasta rede para atividades de massa de Wushu um largo caminho para o desenvolvimento do Wushu.

Todas as escolas tornaram o Wushu parte do programa de educação física, Sociedades e equipes foram formadas em algumas faculdades e universidades, Programas de graduação foram estabelecidos em alguns Institutos de Educação Física e para trazer graduandos e pós-graduandos para o Wushu.

O mestrado em Wushu foi criado em abril de 1996. Aprovado pelo governo em 1986 o Instituto Chinês de Pesquisa de Wushu foi criado como uma corporação de alto nível para a condução técnica e acadêmica das pesquisas em Wushu.

Para herdar e desenvolver esse precioso legado cultural uma investigação de nível nacional foi feita revelando a situação do Wushu na China nos últimos quinze anos. Os trabalhos de escavação, coleta e conferência foram frutíferos. Nessas bases os livros “Esboço Detalhado da História Chinesa do Wushu” e “Registro do Pugilismo e Armoaria Chineses” foram compilados e publicados.

Todos os avanços do Wushu Moderno foram feitos somente nas formas competitivas. Somente recentemente o Sanshou (luta) foi incluído nos eventos nacionais.
A experimentação com competições de luta começaram em 1979, que se tornaram eventos competitivos oficiais em 1989.

Para fazer uma contribuição para a saúde e bem estar de todas as pessoas e dedicar o Wushu como um novo evento esportivo para o mundo, foi feita uma promoção do Wushu no exterior através de projetos do tipo passo-a-passo desde 1983.

Os governos central e local freqüentemente enviaram delegações, equipes, instrutores e experts em Wushu ao exterior para dar palestras e fazer demonstrações.

O primeiro Torneio-convite Internacional de Wushu aconteceu em Xian em 1985 e o Comitê
Preparatório para a Federação Internacional de Wushu foi formado.

Em 1986 o segundo Torneio-convite Internacional de Wushu aconteceu em Tianjin. Em 1987 o primeiro Campeonato Asiático de Wushu aconteceu em Yokohama, Japão, e a Federação de Wushu da Ásia foram criados.

No ano de 1988 aconteceram em Hangzhou e Shenzhen o Festival Internacional de Wushu da China, a Competição Internacional de Rotinas e o Torneio Internacional de Wushu de Desafios de Luta, o que tornaram o Sanshou formalmente reconhecido na arena internacional de Wushu.

O Segundo Campeonato Asiático de Wushu aconteceu em Hong Kong em 1989. Em 1990, nos XI Jogos Asiáticos em Beijing, o Wushu foi introduzido como evento competitivo oficial. As equipes de Wushu de onze países e regiões participaram das competições. A Federação Internacional de Wushu foi criada no mesmo ano.

O Wushu não só foi muito desenvolvido em seu local de nascimento – a China – como também o grande objetivo de “levar o Wushu chinês para o mundo” está sendo gradualmente realizado.

O WUSHU MODERNO NA AREA INTERNACIONAL

Com os esforços comuns feitos nos últimos dez anos a Federação Internacional de Wushu se tornou uma organização influente no mundo, com 77 membros de cinco continentes. Estamos felizes pelo fato da FIW ter sido oficialmente reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) em junho de 1999, e agora somos membros da família da COI. Sessenta e quatro anos se passaram desde que aqueles nove membros foram à XI Olimpíada. Os membros sobreviventes ficarão felizes em ouvir essa ótima notícia.

Atualmente a Federação Internacional de Wushu organizou cinco campeonatos mundiais na China, Malásia, EUA, Itália e Hong Kong, respectivamente. O campeonato mundial (Taolu e Sanshou) acontece a cada dois anos e é um evento reconhecido pela Federação Internacional de Wushu. O sexto campeonato mundial de Wushu será na Armênia em outubro de 2001. Nesse campeonato serão acrescentadas cinco novas rotinas compulsórias que foram aprovadas pelos comitês técnico e executivo da FIW.

As regras para a competição internacional de Taolu, sancionadas em 1997, cobre os as competições de Taolu e são as seguintes:

A. Somente rotinas compulsórias;
serão permitidas nas competições. Se uma rotina opcional for apresentada não será pontuada.
1. Homens – competição individual a. Rotina de mãos livres: Changquan, Nanquan, Taijiquan – somente uma b. Rotina de armas curtas: Daoshu, Jianshu, Nandao, Taijijian – somente uma c. Rotina de armas longas: Qiangshu, Gunshu, Nangun – somente uma2. Mulheres – competição individual: a. Rotina de mãos livres: Changquan, Nanquan, Taijiquan – somente uma b. Rotina de armas curtas: Daoshu, Jianshu, Nandao, Taijijian – somente uma c. Rotina de armas longas: Qiangshu, Gunshu, Nangun – somente uma Nota: Tanto as rotinas originais quanto as novas (Changquan, Daoshu, Jianshu, Qiangshu and Gunshu) serão aceitas na competição de Taolu no sexto Campeonato Mundial, o que significa que cada competidor pode escolher entre as rotinas compulsórias nova e a original dentre os cinco eventos para competir.
B. Eventos demonstrativos ;
todos os eventos fora das categorias competitivas. Somente um dos seguintes:
1. Eventos solo. 2. Eventos em dupla.A partir de agora os campeonatos mundiais serão conduzidos de acordo com as Regras para Competições Internacionais de Taolu e Regras para Competições Internacionais de Sanshou sancionadas em 1997. (Este é o mais completo conjunto de padrões e regras disponíveis e você pode encontrar muitos outros requisitos)Por exemplo, mas Regras para Competições Internacionais de Taolu o limite de tempo para performances:1. Para das rotinas de Changquan, Nanquan, Daoshu, Jianshu, Qiangshu, Gunshu, Nandao e Nangun, a duração da performance não pode ser menor do que 1 minuto e 20 segundos. 2. A duração da performance deve ser de 5-6 minutos para uma rotina de Taijiquan e 3-4 minutos para uma rotina de Taijijian, com o juiz principal soando um apito no quinto minuto para ao primeira forma e no terceiro minuto para a segunda. 3. Outros eventos: a duração da performance não pode ser menor que um minuto para eventos solo e 50 segundos para eventos em dupla.

Em 1995 o terceiro Campeonato Mundial aconteceu em Baltimore, Maryland. O Wushu Moderno se tornou mais popular nos EUA nos últimos cinco anos.

WUSHU MODERNO NOS ESTADOS UNIDOS

É importante lembrar que até a visita de Nixon à China em 1972 a Guerra Fria tinha mantido a China fechada para a América e para o Ocidente. Conforme as portas do país foram se abrindo o Wushu se tornou uma forma dos chineses fazerem amigos com o resto do mundo. Em 1974 a China enviou sua equipe nacional com três técnicos e 32 atletas aos Estados Unidos em um gesto de amizade. O Presidente Nixon e o Secretário de Estado Henry Kissinger convidaram a equipe para o jardim de rosas da Casa Branca.

O Jovem membro da equipe Jet Li (Li Lian-ji) e outros fizeram uma demonstração na Casa Branca.
A equipe também esteve no Havaí de 23 a 25 de junho, em São Francisco de 28 de junho a 1° de julho, em Nova York de 4 a 7 de julho e em Washington DC de 10 a 13 de julho. Muitos artistas marciais foram inspirados pela beleza, dificuldade e movimentos acrobáticos do Wushu Moderno. Hoje alguns dos antigos membros da equipe vivem nos EUA.

Dentre eles está o técnico Zhang Ling-Mei, a capitã da equipe femininna Chen Dao-Yun, e os ex-membros da equipe Ho Wei-Qi, Cheng Ai-Ling, e o famoso astro de filmes de kung fu, Jet Li.

Atualmente a equipe Americana de Wushu participou de todos os cinco Campeonatos Mundiais e nos três Campeonatos Panamericanos ganhando muitas medalhas tanto nos eventos de Taolu quanto de Sanshou. A equipe americana tem muitos atletas ganhadores de medalhas e técnicos experientes de Wushu Moderno.
Vamos aguardar ansiosamente pelo futuro do Wushu Moderno nos Estados Unidos e lembrar que para onde quer que o Wushu vá no futuro dependerá da sua contribuição e suporte.


WUSHU MODERNO NO BRASIL

Foi na década de 80 que o wushu moderno começou a ser praticado no pais. Grão Mestre Li Wing Kay foi o 1º árbitro da América do Sul formado pela Internacional Federation de Wushu em Beijing/China em 1987, é técnico internacional de wushu em Macau -1989 e representou o Brasil na Federação Internacional de Wushu na China em 1990.

Histórico Fei Hok Phai

O termo Fei Hok Phai pode ser traduzido como (estilo da garça voadora) Phai (estilo) Hok (garça) e Fei (voar, voando). Dos monge...