WUSHU FEI HOK PHAI CEARÁ

sábado, 5 de setembro de 2009

KWAN KUN

KWAN KUN



Praticamente em todas as religiões do mundo, certos homens e mulheres, virtuosos ou heróicos são considerados como santos ou deuses após da morte.
Uma dessas pessoas foi Kwan Kun.Kwan Kun era capaz de contar antigas histórias, de memória; exibia poder e coragem, era imbatível nas batalhas, leal, bom, generoso, e amado por seus companheiros.
Era um herói militar, que como muito outros personagens, adquiriu grandes poderes e feitos que não poderiam ser realizados em vida.
Sua história remota há época em que a China era dividido em três reinos (Sam - Có). Apesar de haver um único rei, o país era governado por generais que mantinham o controle e o poder de seus territórios.
Nessa época era governado por 3 generais, cada um responsável por uma parte da China: Liu – Pei, Chou – Chou e Sin – Kin. Sin Kin governava a menor parte em quanto Chou Chou a maior. Liu – Pei contava com a ajuda e a amizade de Kwan Kun, que era seu irmão de sangue.
Para os chineses isso vale mais do que irmão de verdade. Após a cerimônia onde o sangue é misturado, os dois se tornam irmão, o respeito e a lealdade entre eles vão até o fim de suas vidas.
Um ditado sobre isso diz: “pode não ser o mesmo dia em que se nasce, más é o mesmo dia em que morre”.
Era uma época de grandes batalhas entre generais, e Liu – Pei tinha um exército pequeno perto do de Chou – Chou. Após uma batalha Liu – Pei viu-se obrigado deixar seu território, escondendo-se nas montanhas.
Kwan Kun ficou responsável pela proteção da família de Liu – Pei, assim como a do seu exército. Cho Chou queria trazer kwan Kun para lutar ao seu lado de qualquer maneira, mandando um homem que era seu amigo para convence-lo.
Kwan Kun recusou, pois para ele a fidelidade com seu irmão era indiscutíveis, más a responsabilidade para com a família e o exército, e a falta de notícia de Liu Pei, fizeram com que Kwan Kun decidisse ganhar tempo.
Contudo Chou Chou não conseguia ganhar o respeito e a confiança de Kwan Kun. Tentou ganha-lo dando festas, mulheres, roupas e ouro.
Tudo o que ganhou deu a família de seu irmão. Um dia Chou Chou conseguiu despertar a alegria de Kwan Kun dando-lhe um garboso cavalo.
O que Kwan Kun realmente pretendia era procurar seu irmão, usando o cavalo. Isso chocou Chou Chou que percebeu que nada podia alterar o caráter de kwan Kun: após muitos acontecimentos Liu Pei conseguiu sua posição.
A histórias e os efeitos de kwan kun foram levados ao teatro, aonde o ator que representava kwan kun pintava o rosto de vermelho por causa de uma lenda. Mesmo como jovem ele estava sempre pronto a ajudar os oprimidos. Certa vez um malfeitor do filho do governador local, raptou a filha de um homem bom e honesto.
O pai acreditava que nunca mais veria sua filha. Até que kwan kun matou o rapaz e devolveu a filha a seu pai. Sabendo que o governador tentaria vingança, refugiou-se em um templo. Ao encontra-lo os homens do governador atearam fogo ao templo.
Kwan kun esperou pacificamente enquanto o fogo consumia tudo, então subitamente ele passou pelas chamas e atacou os soldados que dispersaram rapidamente, indo do riacho para descasar, percebeu no reflexo da água que seu rosto havia ficado vermelho e brilhante por causa do fogo. Outra história conta que vários exércitos amistosos combinaram forças contra um general rebelde.
Percebendo a inutilidade de um combate direto, escolheu seu melhor lutador e desafiou os comandantes para um duelo homem a homem até a morte. Nenhum deles aceitou o desafio devido a reputação do guerreiro rebelde. Contudo um comandante foi até kwan kun e ofereceu uma taça de vinho morno, um convite para que representasse o exército.
Kwan kun levantou-se da mesa, lutou contra o rebelde e voltou antes que o vinho esfriasse. Uma vez foi alvejado no braço por uma flecha envenenada, e durante a cirurgia começou a jogar xadrez. Concentrava-se no jogo enquanto o médico cortava sua carne e sugava o seu veneno, e assim que terminou, venceu o jogo e foi embora.
Sobre a sua morte existem duas hipóteses mais aceitas. A primeira diz que morreu um combate por uma flecha envenenada. A outra diz que durante um combate, kwan kun foi capturado. Sabendo de suas proezas, os inimigos tentaram convence-lo a mudar de lado, mas ele permaneceu fiel a Liu Pei, preferindo a morte e à traição.
A respeito da arma de kwan kun, diz a lenda que chegando em uma cidade, kwan kun estranhou que a tarde todos escondiam em suas casas.
Foi informado que o céu havia mandado uma enorme serpente, tão grande quanto um dragão verde, que matava adultos e crianças. Ele esperou por sete dias e encontrou a serpente, após uma luta feroz, saiu vencedor e jogou a serpente no rio.
Pouco tempo depois, no lugar onde a serpente foi jogada, apareceu uma lâmina com um dragão gravado, que deu a origem ao Kwan Tou. Dessa história, o que vale ressaltar é a grande honestidade e o caráter incorruptível desse valoroso guerreiro.
Kwan kun era um símbolo do que o povo chinês considerava um certo e bom nas artes marciais. Ele era caprichoso em corpo e mente corajoso em combate, generoso, leal e honesto. Atualmente a figura de kwan kun é colocada nas delegacias chinesas, para que os policiais não se esqueçam que a honestidade deve vir em primeiro lugar.
Ele nos deixou mais do que uma espada bem manejada, dele podemos aproveitar seu exemplo como discípulo e como alguém cuja capacidade marcial só foi menor que sua lealdade.

Dança do Leão

Dança do Leão

Mo-Shi



A origem da Dança do Leão

As artes de combate foram sempre inspiradas nos animais, de seus gestos e atitudes. Essa particularidade é mais nítida no Kung-Fu onde os estilos, posturas e técnicas possuem nomes de animais.
A Dança do Leão faz parte do patrimônio cultural e guerreiro do Kung-Fu chinês, ainda que o Leão nunca tenha sido catalogado na fauna chinesa, esse animal representa para os chineses prosperidade. Ele simboliza o elemento yang, a força e a bondade.

Ele é uma figura alegórica do ano novo chinês que acontece geralmente no mês de fevereiro. Muito popular tanto no sul como no norte do país, a Dança do Leão varia de forma nos lugares onde é executada. Na China do norte, esforça-se para tornar os leões realistas ao nível de sua aparência e de seus movimentos. Trata-se então de um simples divertimento. Enquanto que na China do sul, a Dança do Leão é executada por escolas de Artes Marciais.

Nas barbas dos Manchous

De acordo com certas teorias, essa tradição remontaria a Dinastia dos Ching, esse seria, segundo essas teorias, o meio que os habitantes da época utilizavam para praticar o Kung-Fu, então proibido, na barba dos Manchous e sem serem descobertos.

Características de cada Leão

Tradicionalmente os leões do sul da China são feitos de três tipos diferentes, essa trilogia faz alusão aos personagens heróicos do tempo dos três reinados (San Kuo - 220-280 A.C.), o Leão de figura branca e colorido representa Liu Bei, que era o mais velho dos três, reputado por sua inteligência e possuidor de um caráter muito doce.

O Leão de figura vermelha é Kuang Yu, conhecido por seu extraordinário domínio da técnica marcial assim como pela devoção a amizade. Finalmente o Leão de figura preta representa Zhang Fei, muito forte na prática do Kung-Fu, igualmente corajoso, mas dotado de um espírito simples e rude.


A introdução da Dança do Leão no Brasil

FOTO: Grão Mestre Chiu Ping Lok

A Dança do Leão foi introduzida no Brasil em 1961 pelo Grão-Mestre Chiu Ping Lok (Lope Chiu). Inicialmente era ensinada para a colônia chinesa no bairro da Liberdade em São Paulo, posteriormente alguns brasileiros também passaram a aprender a arte da dança. Foram os primeiros alunos do Mestre Lope que além de praticar o Kung-Fu e T'ai-Chi-Chuan, treinavam a Dança do Leão. Podemos afirmar com certeza que a escola Fei-Hók-Phai foi a pioneira a ensinar, não só o lado marcial mas também todos os aspectos inerentes a cultura, tais como pensar, lutar, dançar, falar chinês, pintar, etc.

Superstições

Os chineses são alucinados sobre o tema. Existem muitas coisas sobre o Leão que você absolutamente não pode fazer.

Por exemplo:
- Quando um Leão entra em um novo restaurante, ele vai até a cozinha e curva-se em saudação, para trazer boa sorte.

- Quando o Leão sai, ele deve sempre fazê-lo de costas. A pessoa que faz o rabo sempre sai primeiro. Alguns grupos não sabem disso e fazem com que a cabeça do Leão saia primeiro, o proprietário vê isto como má sorte.

- Outro grupo se aproxima de um tacho cheio de água onde tem um peixe vivo, o Leão deve pegar o peixe e devolvê-lo ao proprietário do restaurante, isto traz boa sorte.

- Faz parte da tradição chinesa dar coisas para o Leão, tais como alface ou até pedaços de cana no formato do personagem designado à um ano específico. O Leão deve recolher as oferendas na ordem reversa daquelas que foram colocadas.

- É de costume pendurar coisas na porta de entrada para atrair os Leões, de modo que eles tragam boa sorte para o ano novo, pode-se pendurar dinheiro em barbante ou colocá-lo em um envelope.

Uma proteção especial

Atrás desse costume lúdico, esconde-se um significado mais profundo, o comerciante ou o proprietário do restaurante que suspende legumes verdes ou envelopes vermelhos solicita, de certo modo, a proteção do Leão.

Se o último aceita desprender e pegar o objeto, ele compromete-se, em recompensa, a defender seu doador, falando de outra forma, se alguém o ataca ou a seu estabelecimento, a escola de Kung-Fu que executou a dança virá protege-lo.

Em toda a China, ou em outras cidades do mundo, onde uma colônia chinesa instalou-se, a Dança do Leão tem seu lugar. Folclore muito colorido e dinâmico, ele encarna o passado de uma civilização onde as artes marciais sempre tiveram um lugar predominante, cada ano para o ano novo chinês, o Leão dança e trás com ele as lembranças de centenas de gerações.

O Leão é animado por dois personagens, aquele que toma sua cabeça e portanto a direção das operações é geralmente o melhor combatente da escola. Uma pequena orquestra é composta por um tambor, congo e pratos que acompanham cada Leão no curso de seu desfile dançante.
Aquele que bate o tambor é freqüentemente o primeiro assistente do mestre da escola. No caso de confronto físico com uma escola rival, uma derrota equivale então a uma terrível desonra pública para o mestre, mas raramente os Leões são belicosos.

Um sinal de desafio

Por ocasião de diversas cerimônias, quando os Leões de duas escolas diferentes deparam-se na rua, é costume que eles abaixem a cabeça e que o ritmo dos tambores que os acompanham diminua, em sinal de saudação amigável. Assim as duas escolas, simbolizadas aqui por seus respectivos Leões, se cruzam em paz.
Se num momento qualquer acontece que a cabeça de um dos Leões fique levantada e que o ritmo do tambor se acelere, é um sinal de desafio que pode ser seguido por afrontas violentas.

Na dança, o mais comum é o vermelho, existe também o preto combinando com nariz azul, orelhas pretas e barba curta. Estes Leões quando encontram-se entram em luta.
Só os coloridos são mais pacíficos e por isso são chamados de Leões auspiciosos.
Formação do grupo

Um tocador de tambor, um a três tocadores de pratos, um tocador de congo, uma pessoa para a cabeça do Leão, uma pessoa para o rabo do Leão, uma pessoa que representa o monge Tan-Tau-Fuat.

O Tan-Tau-Fuat (monge da cabeça grande),

é um personagem que, segundo a tradição, simboliza simplicidade e nobreza de sentimentos para com a natureza e os animais. Durante a dança o Tan-Tau-Fuat tem papel importante, pois ele além de brincar com o Leão, de certa forma o conduz mostrando o caminho por onde ele deve passar.
Atribuições de cada componente

O tocador de tambor é o dirigente da dança, os tocadores de pratos atuam com diferentes tamanhos de pratos, o tocador de congo atua em combinação com os tocadores de pratos, a cabeça de Leão que caracteriza os gestos, o rabo atua em combinação com a cabeça do Leão, sendo parte de sustentação e equilíbrio pois representa a parte traseira do animal. A pessoa que faz o rabo deve seguir o que faz a cabeça, o tocador de tambor segue os passos onde anda o Leão e dentro da cabeça existem cordões que movimentam os olhos e as orelhas.

O batismo do Leão

Antes da primeira dança, o Leão recebe um batismo formal. Pinga-se sangue de galo nos olhos do Leão e amarra-se uma faixa vermelha no chifre, começa então a dança.
A dança não é apenas uma representação folclórica, trata-se também de um excelente exercício para a saúde. Uma dança demora de 20 à 30 minutos.


Histórico Fei Hok Phai

O termo Fei Hok Phai pode ser traduzido como (estilo da garça voadora) Phai (estilo) Hok (garça) e Fei (voar, voando). Dos monge...